terça-feira, 17 de setembro de 2013

Filme “Katia” estreia dia 20/09 no Teresina Shopping


Estreia dia 20/09 as 19h no cinema do Teresina Shopping, previsto para uma semana de exibição

Longa apresenta a travesti Kátia Tapety, filha de uma família tradicional de políticos no interior do Piauí. Primeira transexual eleita a um cargo político no Brasil, ela foi três vezes vereadora e uma vez vice-prefeita da pequena Colônia do Piauí, cidade de 7.433 habitantes que se emancipou em 1992
A produção foi lançada oficialmente no Piauí, no dia 25 de março, no Teatro do Boi, aberto para todos. O teatro lotou com a presença de vários amantes do cinema.

A  estreia será em uma das salas do Teresina Shopping, às 19h, na próxima sexta-feira (20), previsto para uma semana de exibição. Tendo uma boa bilheteria poderá ter mais dias de exibição.
O filme ganhou dois importantes prêmios no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Cinema de Curitiba: Melhor Filme do Júri oficial e do Público!

A cineasta Karla Holanda falou que a princípio, será uma sessão por dia, às 19h. Eles disseram que ficará em cartaz só por uma semana, mas se tiver um número razoável de espectadores no fim de semana poderá ficar mais. Por isso, gostaríamos de contar com todos para fazer um mutirão: compartilhem, divulguem, convidem seus amigos, pais, filhos, primos, tios. Professores, levem seus alunos! Os que moram no interior, programem-se para ir a Teresina! Quem tem camisa do filme, use nesta semana! Vamos associar o Piauí a ideias positivas, como a trajetória de Katia Tapety! O filme precisa ficar mais que uma semana em Teresina!




SINOPSE
Kátia Tapety é o personagem central deste filme. Nascida José, em Colônia do Piauí (8 mil habitantes), Kátia tornou-se a primeira travesti a ser eleita a um cargo político no Brasil. O filme é resultado de 20 dias de convívio com ela.
  
SOBRE A DIRETORA
Karla Holanda nasceu no Piauí e é diretora desde 1992, quando iniciou uma série de documentários sobre escritores brasileiros, no Rio de Janeiro. Depois disso, morando em Fortaleza, recebeu prêmios de fomento, com os quais realizou curtas como "Vestígio" e "Riso das Flores". O filme "Kátia" é seu primeiro longa metragem. Professora de cinema na Universidade Federal de Juiz de Fora, é doutora em comunicação, pela UFF, e mestre em multimeios, pela Unicamp.



ESTREIA, FESTIVAIS E PRÊMIOS

KÁTIA estreou nacionalmente no Festival de Brasília/2012 e participou de outros festivais, como a Mostra Internacional de Cinema São Paulo, Mix Brasil, For Rainbow Festival, onde recebeu tripla premiação: Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Em 2013 (junho), no Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba (2013) recebeu os prêmios de Melhor Filme pelo júri oficial e Melhor Filme pelo Público.

 O QUE DISSERAM SOBRE O FILME

É sem julgamentos sobre homofobia, família, amor e morte que Karla se aproxima de nossa protagonista e, ao terminarem seus setenta minutos de filme, ficamos ao lado de ambas, aproveitando o fim de tarde, vendo a boiada passar.” (Filipe Matzembacher; Avante Filmes, 03/04/13).
“Kátia” é um filme direto e despojado, como a própria personagem que se propôs a retratar.” (Celso Sabadin, Planeta Tela, 06/13).

Não se trata de uma obra didática, e sim muito mais emocional (...). Sem muitas distrações, vai direto ao ponto, e nesse processo conquista o espectador.” (Robledo Milani, Papo de cinema, 29/3/13).
“O documentário “Kátia” foi o filme mais aplaudido das sessões da mostra competitiva de quarta-feira no Festival de Brasília.” (Ingridy Peixoto, Pipoca Moderna, 21/09/2012).
Foi essa história inusitada que despertou a curiosidade da diretora Karla Holanda (que também é natural do Piauí, mas hoje mora no Rio de Janeiro) a retratar a história de vida dessa personagem que, ao fim da exibição do documentário “Kátia”, no Festival de Brasília, foi cercada por novíssimos fãs, fotógrafos e jornalistas. “Eu quero a Kátia pra mim!”, dizia uma jovem empolgada com a força e determinação mostradas no filme” (James Cimino, UOL, 20/09/12).
“É interessante ver os recursos que Karla utiliza para ir além do mero rascunho de personagem. Ora ela se limita a observar as atividades de Kátia no trabalho do campo – onde sua energia evoca o José Nogueira Tapety que ela um dia já foi –, ora deixa Kátia assumir um pouco as rédeas do filme que está sendo feito sobre ela. Por vezes, provoca conversas reveladoras com amigos, parentes e autoridades. Em outros momentos, colhe a verve histriônica de Kátia em performances diretas para a câmera (...). Kátia nos leva a conviver, ainda que brevemente, com uma figura sob todos os aspectos extraordinária.” (Carlos Alberto Mattos – Blog Carmattos – 21/11/12).
“Um bonito filme, muito bem fotografado (pela craque Jane Malaquias), que acompanha o dia a dia dessa personagem simpática. Vemos seu cotidiano no trabalho duro da fazenda e também na cidade. O preconceito, a pressão familiar e social dão conta da vida difícil, que a personagem enfrenta com muita garra” (Luiz Zanin – O Estadão – 21/09/2012).
“Há, antes de mais nada – e surpreendentemente pelo tempo de captação -, muito cinema nas imagens obtidas: não sabendo o quanto houve de perícia ou sorte” (Cid Nader – Cinequanon – 09/2012).

VISÃO DA DIRETORA
Embora eu seja do Piauí, a primeira vez em que ouvi falar em Kátia eu morava em São Paulo e foi através de jornais, internet. Ela já era uma figura midiaticamente conhecida por ter se tornado a primeira travesti a se eleger a um cargo político no Brasil. Seu sobrenome me chamou a atenção. Tapety é uma das mais tradicionais famílias ligadas à política do estado.
O que mais me impactou foi o fato de uma forte história de ruptura com os modelos convencionais, que a trajetória de Kátia representa, vir justamente de um dos estados mais pobres do país e, precisamente, de uma pequena cidade cravada no sertão, geralmente associado a terra de “cabras machos”, como se ali os preconceitos, naturalmente, aflorassem mais e maiores. E não era nada disso. Surgia o desejo de fazer um documentário com ela.
Assim, em janeiro de 2008, fui a Oeiras, uma bonita cidade que guarda resquícios de seus tempos coloniais. Ela tem cerca de 36 mil habitantes e foi a primeira capital do Piauí (1759-1851). Foi ali que Kátia nasceu.
Kátia, vice-prefeita na ocasião, foi ao nosso encontro, num hotel na Praça da Matriz. Ela estava acompanhada de um garoto de oito anos, que ela criava juntamente com seu companheiro, com quem vivia há mais de 20 anos. O companheiro é o pai biológico da criança, que Kátia tratava como filho. Dali, fomos à Colônia do Piauí, onde Kátia mora. Colônia pertencia a Oeiras até 1992, quando tornou-se município independente. Fica a uns 20 minutos de distância de Oeiras, indo de carro.
Chegamos a sua casa, que fica na estrada. Lá estavam seu companheiro, sua outra filha adotada e sua cunhada Cremilda. É uma casa simples, de chão batido, parede chapiscada, pé direito alto e telhas. É uma casa antiga, foi ali que ela nasceu há uns 60 anos. Ela nos contou que os irmãos foram todos saindo para estudar fora, primeiro em Oeiras e depois em Teresina ou outras capitais. Ela foi ficando. Seu pai não deixava que ela estudasse em colégios para não expor “o filho efeminado”; nem à missa ele permitia que fosse. Quando ia, “levava uma surra”. Ela era criada para cuidar dos bichos.
Hiperativa, cheia de histórias para contar – histórias que se acavalam com outras, nem sempre concluídas -, Kátia tem grande senso de humor, é solar, espirituosa, sem filtro.
Gravei conversas com ela e com outros, paisagens da região e ambientes familiares com uma pequena câmera. Voltei. Agora eu morava no Rio. Durante o ano de 2008, trabalhei naquele material pesquisado. O que eu queria fazer? Como eu iria fazer? Amadureci a ideia e estruturei uma proposta. Estava decidida a fazer o máximo possível para ganhar um edital e conseguir fazer o filme da forma que eu havia pensado e não na “guerrilha”, como havia feito, no mínimo, outros dez. Seria meu primeiro longa.
Em 2009, inscrevi o projeto nos principais editais que abriram nesse ano. O primeiro que inscrevi foi o último a sair o resultado, mas também era o melhor. Em fevereiro de 2010, saiu o resultado do Prêmio Petrobras Cultural. Ganhamos!
Em maio de 2010, voltei a Colônia. Muito havia mudado: desde que a cidade se emancipou, era a primeira vez que Kátia perdia uma eleição – não se elegeu vereadora; seu casamento acabou; seu “filho” já não morava com ela – a mãe o exigia; o ex-companheiro não queria participar do filme… Mudanças de rumo no roteiro. Na verdade, a cada encontro, novas mudanças, novos rumos. As filmagens propriamente mostraram que o roteiro seria só um pontapé, tudo mudava a cada instante.
Em agosto voltei novamente, desta vez com a Jane Malaquias, diretora de fotografia. Fizemos um reconhecimento da região, apresentei Kátia e visitamos locações. Dois meses depois, estávamos de volta para filmar.
Equipe de produção pequena. Duas semanas de filmagem no Piauí e dois dias no Rio de Janeiro – por coincidência, Kátia iria participar de um Seminário LGBT, no Rio, logo após as filmagens no Piauí. Assim, incluímos o Rio, não previsto inicialmente.
Cerca de 30 horas filmadas. 2011 foi o ano da edição. Cerca de um ano para dar a edição por definitivamente concluída, o filme ficou pronto em março de 2012.
Ui, ui. Agora é o medo, a dúvida – o filme vai ser visto? Como será visto? Por quem? Onde? Eu não sei. Precisaria me distanciar para enxergar melhor. Por enquanto, torço. Acho que é sincero – incorporei o inesperado, o que não previ; despretensioso – dramaturgia discreta, mas presente; Kátia está ali, como a vi.
Karla Holanda. Rio de Janeiro, 30 de junho de 2012.


EQUIPE
direção e roteiro Karla Holanda
direção de fotografia e câmera Jane Malaquias
produção executiva Leonardo Mecchi, Alcilene Cavalcante, Karla Holanda
montagem Marco Rudolf, Karla Holanda
trilha sonora Rita Ribeiro, Felipe Pinaud
tema de abertura Dj Dolores
direção de produção Virna Paz
som direto Marco Rudolf
edição de som Waldir Xavier
mixagem Ricardo Cutz
pesquisa Alcilene Cavalcante, Karla Holanda
projeto gráfico Luiz Garcia
  
MAIS INFORMAÇÕES

katiaofilme.com     |    www.emfocomultimidia.com.br

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